08 maio 2018

[RESENHA] The Enforcers #2: Dominada


Oi gente! Faz algumas semanas que postei a resenha do primeiro livro da serie The Enforcers, Submissa (vocês podem conferir a minha opinião clicando aqui), da Maya Banks que vem sendo lançada aqui no Brasil pela Editora Gutenberg. Agora venho falar sobre o segundo volume, Dominada.

Passaram-se cinco dias desde os acontecimentos que levaram Evangeline a sair correndo do apartamento de Drake e neste meio tempo os dois estão passando por um inferno com a separação. Drake colocou todos os seus homens atrás dela na esperança de que possam leva-la para casa e explicar o porquê de ter traído tão profundamente sua confiança.

Evangeline por sua vez está tentando juntar algum dinheiro para que possa voltar para casa. Ela não pode mais ficar em Nova York. Depois de romper com as amigas por se mudar para a casa de Drake (alguém que ela havia conhecido apenas algumas horas antes!) de ser humilhada por ele, a cidade perdeu todo e qualquer atrativo.

Mas tudo isto era quando pensava que não teriam mais uma chance, naquele mesmo dia Drake recebe uma dica sobre onde Evangeline está e corre para encontra-la. Ele explica (tanto quanto possível!) o que motivou suas ações. Quando o casal finalmente acredita que venceu a pior das provações o destino trás uma grande surpresa que tratará a confiança e sentimentos que os unem. Será que Drake e Evangeline vão conseguir passar por isso é continuar juntos?

Desde o primeiro volume certas coisas vinham me incomodando. A primeira delas é que a Maya Banks parece endossar certos esteriótipos femininos que nós (mulheres) estamos tentando desconstruir com muita dificuldade, como por exemplo aquela noção de que há sempre competição entre nós e que amizade verdadeira entre o sexo feminino sem inveja é algo impossível.

Outra coisa me irritou bastante: por causa das atitudes precipitadas da protagonista (se não sabe do que estou falando clica aqui) ela e as amigas acabam ficando sem se falar, mas elas são apontadas como megeras, ainda que tenham tentado apenas  tentado botar juízo na cabeça de uma amiga que era inocente demais sobre embarcar tão rápida e profundamente em um relacionamento com alguém que ela literalmente acabou de conhecer. Drake e seus homens falam algumas coisas para Evangeline que acaba a afastando de pessoas com as quais convive desde muito nova. Isso, para mim, é um dos "sintomas" de relacionamento abusivo: quando o cara te isola das suas amigas e família, não te deixa tomar decisões e coisas do tipo os sinais de alerta TEM que começar a piscar. 

O meu maior problema com esse livro são os personagens masculinos. Todos eles. Aparentemente se a mulher não for estupidamente ingênua eles já a classificam como vadia. Se deu em cima de alguém? Vadia. Se aceitou ficar uma noite só com um cara? Vadia. Nenhum deles mostram respeito por mulheres com as quais o protagonista já esteve envolvido anteriormente alegando que eram todas o quê? Sim, acertou se pensou vadia!

Vamos esclarecer uma coisa? Respeite as pessoas com as quais já se envolveu. E aqui  fica uma nota de esclarecimento bastante importante: não importa se você se envolveu com uma pessoa por uma hora, uma noite, um final de semana ou uma vida inteira, apenas RESPEITE.

No book talk com a Lavínia Rocha, nossa autora do mês de abril (o qual ficou incrível e você pode escutar  clicando aqui!), falei muito sobre o quanto precisamos começar a nos conscientizar sobre o que consumimos e isso se aplica à literatura sim! Precisamos começar a mudar um pouco a nossa cabeça e parar de achar que esse tipo de relação é saudável e desejável. As autoras precisam começar a entender que romantizar certos tipos de situações e relacionamentos ESTÁ ERRADO.

Mais um ponto negativo em relação a esta história é que o Drake tem uma necessidade constante de afirmar que é o dono (exatamente esta palavra!) de Evangeline. Isso me irrita muito em qualquer enredo. Pessoas não são donas umas das outras (quando o são usamos o termo escravidão para definir a relação entre elas!) e ver um homem falando que é dono da mulher com a qual está se relacionando dá a impressão de que pode fazer o que bem entender com ela. Exemplo: se eu quiser posso quebrar meu celular, ainda que o valorize, uma vez que ele pertence a mim. Sou a dona dele. O mesmo se aplica com esse tipo de relacionamento, entendem? Falar que você é dono de alguém é dizer que pode fazer qualquer coisa com essa pessoa e nós sabemos (ou ao menos devíamos saber!) que esse tipo de pensamento não deve ser encorajado ou endossado (que parece ser o que esse livro faz!).

Acho que a capa tem tudo a ver com o tema do livro e gosto mais desta que a de Submissa, mas muito provavelmente porque sou apaixonada por verde. A diagramação está simples e as páginas amarelas somadas à fluidez da narrativa da Maya Banks foi provavelmente a única coisa que me fez chegar ao final da leitura.

O livro tem tanta coisa errada no seu enredo que a única coisa interessante na leitura são as cenas eróticas que seguem sendo muito bem escritas. Também serviu para reforçar certos padrões que jamais gostaria de ter e ser em um relacionamento. No mais a leitura trouxe mais aborrecimentos do que qualquer outra coisa.

Eu já via indícios de que as coisas não iam me agradar desde o livro anterior, então porque continuar a ler? Tenho livros incríveis da Maya Banks na minha estante, com personagens tão diferentes quanto pessoas reais. Algumas são mais frágeis outras mais guerreiras e eu gostei de TODAS elas. Além disso, o gancho do último livro prometia (ou foi o que pensei!) uma reviravolta bem interessante, especialmente para a personalidade da Evangeline, mas como vocês podem perceber fui iludida!

Não vou falar que a obra não deve ser lida, acho importante que vocês possam tirar as suas próprias conclusões acerca da história, mas acho importante deixar claro que nem de longe seria uma opção para indicar e que tenham esses pontos que mencionei para que não romantizar situações de risco.







Título: Dominada Série: The Enforcers Páginas: 289 | Autora: Maya Banks
Tradutora:  Isabela Noronha  | Editora: Gutenberg | Ano: 2018

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15 Comentários:

Às 8 de maio de 2018 às 23:30 , Blogger Na Nossa Estante disse...

Oi Jessie, tudo bem?

Eu não acompanho essa série da Maya, mas gosto bastante da autora, principalmente os livros com guerreiros dela e os mais antigos publicados pela Harlequin. Uma pena que tenha tanta coisa que desagradou na obra e entendo perfeitamente seu posicionamento.

Bjs, Mi

O que tem na nossa estante

 
Às 9 de maio de 2018 às 00:24 , Blogger Aninha Goulart disse...

Oiiii,

Esse livro tem tantas coisas erradas, tantos esteriótipos ridículos e que devem ser combatidos a todo custo, tanta fomentação de coisas que são absolutamente erradas, que eu não consigo me imaginar lendo, mas principalmente não consigo imaginar a Maya Banks escrevendo um trem desses! Não da pra entender essa propagação de coisas ruins como algo normal.

Beijinhos...

 
Às 10 de maio de 2018 às 16:23 , Blogger Camila disse...

Que pena que essa foi uma leitura tão ruim para você.
Eu tenho o primeiro volume dessa série aqui, mas já perdi a paciência com a Maya Banks há muito tempo e acho que nem vou me dar ao trabalho!!
beijos
Camis - blog Leitora Compulsiva

 
Às 12 de maio de 2018 às 23:58 , Blogger Dayhara Martins disse...

Eu pulei grande parte da sua resenha pra evitar spoilers, li o primeiro livro dessa série e sinceramente, nem parece que foi Maya quem escreveu, a romantização da situação toda é ridicula e acho uma pena que esse tipo de comportamento seja considerado romantico e simbolo de masculinidade, ao que parece no segundo livro a coisa nao melhora, ne? Uma pena.

 
Às 14 de maio de 2018 às 17:20 , Blogger Jéssica disse...

Oi Karini!

Eu não achei nada nessa história coerente. O relacionamento dos personagens é claramente abusivo e totalmente romantizado. Independente do gênero isso não é algo que eu espero. A personagem abdica de tudo em nome de um homem que a trata mal, mas logo em seguida faz alguma coisa legal e promete não voltar a trata-la mal, ele restringe sua liberdade fazendo a Evangeline andar com seus homens o tempo todo e a afasta de suas amigas, convence a deixar o emprego e se torna assim a única pessoa na vida dela. Isso não é uma trama coerente independente do gênero.

Beijinhos

 
Às 15 de maio de 2018 às 10:20 , Blogger Aline M. Oliveira disse...

Oi Jessie! Ranço atualizado com sucesso! Meu Deus, as vezes eu me pergunto em que planeta autores e leitores que gostam deste tipo de " romance " , com aspas bem grandes, vivem. Hoje em dia, com o feminismo e o emponderamento feminino tão falado, apoiado e muito necessário, escrever um livro com esse tipo de trama, e o que pra mim é pior, ler e gostar, é inconcebível. Obrigada por essa resenha, porque eu vou passar longe desse livro! Chega a dar dor de cabeça pensar que uma mulher vai morar com um cara horas depois de conhecer, que este cara se proclama dono da mulher, e essa mulher achar lindo! NÃO! Sinto muito por essa leitura, mas não, obrigada.


Bjoxx ~ http://www.stalker-literaria.com/

 
Às 15 de maio de 2018 às 23:25 , Blogger Bell Paula disse...

Oi. tudo bom?

Eu recebi esse livro para resenhar e fiquei muito incomodada coma leitura também. Parece que a Maya Banks não pensou muito antes de escrever esse livro. Como em pleno 2018, por mais ingênua que a protagonista possa ser, ela aceita tudo aquilo. Passei muita raiva com esse livro e não recomendo ele para ninguém também.

Beijos!
https://www.manuscritoliterario.com.br

 
Às 16 de maio de 2018 às 13:28 , Blogger Book Obsession disse...

Olá!
Eu já comentei em outras resenhas que li sobre esse livro e em todas elas vejo esses problemas relatados. Tenho um caso de amor e ódio com os romances da Maya Banks, enquanto amo os de época que ela escreve, os contemporâneos são tão abaixo do esperado que parece até que tem outra pessoa escrevendo no lugar dela. Fico abismada com um enredo tão fraco.
Beijos!

Camila de Moraes

 
Às 16 de maio de 2018 às 14:09 , Blogger Entre Livros e Amores disse...

Olá
Acho que é a primeira vez que vejo uma nota tão baixa para um livro, mas até eu depois de suas considerações daria uma nota dessa. Não tenho paciência com esses tipos de personagens e para ser bem sincera achei que o Drake tem um ar meio Machista ainda mais quando fala que a Evangeline é dele, não gosto disso. Sou louca para ler algo da Maya e confesso que queria começar por esses livros ainda bem que não comecei. Adorei sua resenha ficou maravilhosa.

 
Às 16 de maio de 2018 às 17:32 , Blogger Unknown disse...

Oi.
Não li o livro e ainda não li nenhuma obra da autora. Mas até escrevi um post intitulado romantização do abuso na literatura. O que eu acho mais arriscado nos relacionamentos abusivos é que normalmente as pessoas não percebem que estão em um até que seja tarde demais. Por isso acho tão importante haver discussão e haverem resenhas como a sua.
Parabéns pela resenha.
beijos

 
Às 16 de maio de 2018 às 18:26 , Blogger Jéssica disse...

Oi Bárbara!

Tudo bem? Então, eu estava fazendo o roteiro esses dias para falar justamente de livros que romantizam os relacionamentos abusivos e/ou tóxicos e como e importante parar de consumir esse tipo de conteúdo. Quero ver o seu post

Beijinhos

 
Às 16 de maio de 2018 às 23:38 , Blogger Bruna Eduarda disse...

Olá! Tudo bom?

Li o primeiro livro dessa série recentemente e não foi do meu agrado. Tentei analisar mais pelo relacionamento bdsm e saber que o tipo de relação que o Drake quer, tem pessoas que são de fato assim na vida real. Eu não me vejo numa relação assim, mas né... Então acabei me voltando pra Evangeline que é totalmente “inocente” no quesito relacionamentos e principalmente nesse tipos de relação que o Drake quer, não gostei nada da atitude dela. Além dela ter um complexo de inferioridade bem grande, ela se submete a tudo como se fosse normal na sua vida. Se um cara como o Drake se interessasse em mim eu atravessaria a rua e fugiria, confesso. Apenas sei que após ler o livro eu não quero um Drake na minha vida e nem quero ser uma Evangeline.

Parabéns pela resenha, também achei que as coisas mudariam nesse segundo livro, uma pena já que a escrita da autora é boa e as cenas eróticas são incríveis!

Beijos

 
Às 17 de maio de 2018 às 09:24 , Blogger Driely Meira disse...

Oiee ^^
Admiro você ter levado a leitura até o fim; se eu tivesse encontrado uma história assim, teria parado já no começo. Nunca li nada da autora, mas também não sinto vontade, e agora adicionei "reforçando estereótipos" e "provável relacionamento abusivo" na lista de motivos para não ler seus livros.
MilkMilks ♥
http://shakedepalavras.blogspot.com.br

 
Às 17 de maio de 2018 às 19:35 , Blogger Delmara Silva disse...

Olá,
antes de tudo parabéns pela resenha, seu texto está impecável. Recentemente li o primeiro livro dessa série e não poderia ter tido uma experiência pior, também pretendo ler este embora tenha certeza que sua resenha reflete perfeitamente o que vou achar ao final da leitura e por fim nunca tive qualquer esperança de que houvesse qualquer reviravolta, desde o inicio eu soube que não importa o que o Drake faça com Evangeline ela sempre aceitará tudo de bom grado, claro que com uma leve dose de drama pouco embasado, já que o cara não tem trabalho algum que convencê-la a fazer e ser o que ele quer.

Abraços!
Nosso Mundo Literário

 
Às 20 de maio de 2018 às 21:03 , Blogger Bru Costabeber disse...

Olá Jessie,
Que bom ler sua resenha desse segundo volume. Eu já li várias impressões sobre o primeiro livro e sei de muitas coisas que não me agradam, principalmente, a construções dos personagens. Esse segundo volume parece ser pior e bastante desrespeitador em vários sentidos. Em vista disso, entendo que não vou vou curtir nada essa leitura e vou passar a dica. Achei sua sinceridade incrível e você soube se expressar de uma forma maravilhosa.
Beijos

 

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