[AUTOR DO MÊS] Entrevista: Thais Lopes
Oi gente! Tudo bem? Seguindo com a coluna de Autor do Mês (se você não sabe do que estamos falando clica aqui!) hoje trouxemos a entrevista com escrita Thais Lopes! Bora conhecê-la um pouco mais?
Nunca
teve esse momento de “descobrir” que as coisas precisam ir para o papel. Sempre
inventei muitas histórias, sempre fui viciada em livros, desde bem criança
mesmo, então foi algo meio natural. Tinha aquela coleção de diários bonitinhos
com cadeado fofinho (que acho que a maioria das meninas com mais de 20 anos
ganhou em algum momento) que eu nunca usava, um belo dia peguei um deles e
resolvi ir escrevendo as histórias que já tinha na cabeça.
Qual a
história que foi a inspiração mais súbita que você já teve? Aquela em que você
nem conhecia, estava fazendo outra coisa e de repente ela brotou na sua cabeça.
Acho
que o caso mais gritante desses é uma história que ainda está na fila aqui pra
sair. É no mundo de Crônicas de Táiran e foi um caso até meio bizarro, porque
quando a ideia brotou eu fui louca escrevendo como se não houvesse amanhã e
saíram 80 páginas manuscritas em uma semana (e eu tinha letra pequena).
Tem outro também, que
foi caso até divertido, de uma história no mesmo mundo de Perfume de Fogo. Eu
estava em uma igreja, num ensaio geral pra um concerto do coral, com orquestra,
solista e tudo mais, e quando estavam passando uma música com o solista, do
nada baixou a ideia de um bar de lobisomens. Está na fila aqui também.
Fala
pra gente series que inspiraram a escrever seus livros.
Vamos
pra aquela lista de séries que quase ninguém conhece? XD
A
primeira da lista é Hollows, da Kim Harrison, que foi a série que fez eu me
apaixonar por fantasia urbana e a farofa louca de seres sobrenaturais.
Kate
Daniels e Innkeeper Chronicles, de Ilona Andrews. De novo, a questão da farofa
louca (vampiros são ETs? Oi? E isso funcionou!) e de fugir da mitologia
“tradicional”.
Iron
Seas, da Meljean Brook, que é aquela meta de construção de mundo, por assim
dizer. O nível de detalhe e de “realismo” do que ela criou, pra mim, é
incrível.
Você é
quem faz as capas maravilhosas dos seus livros, de onde vem à inspiração? Dá
muito trabalho?
Eu sou meio que a louca
das capas. Tenho toda aquela preocupação com identidade visual do gênero do
livro, porque sou uma pessoa que julga livro pela capa sim e não tem vergonha
de assumir. Cada gênero literário tem aquela estética que o leitor bate o olho
e já fica “opa, acho que isso é minha cara”, então sempre presto atenção nisso.
É minha primeira “inspiração”, por assim dizer, porque vou procurar o que
dentro desses elementos visuais encaixa com a história. E também tenho um leve vício em jogar cenas
dos livros nas capas, detalhes que a pessoa só vai perceber depois de ter lido
e coisa assim. Sobre dar trabalho, depende bastante. As capas de Filhos do
Acordo, no começo, davam muito trabalho. Agora, já acostumei a mudar cor de
pele, cabelo e tudo mais, então são bem simples para fazer. As capas de
fantasia urbana estão dando muito
mais trabalho, porque sempre tem elementos de pintura digital, e eu sou a
pessoa que não desenha nem boneco de palito. É uma luta. As capas novas de
Santuário da Morte demoraram meses
para ficarem prontas. A de Nas Sombras da Cidade, quase três meses também.
Então varia bastante.
Fisicamente falando, você inspira seus
personagens (masculinos e femininos) em pessoas reais ou é algo que você começa
a criar em sua mente e só então vai ganhando formas e características?
Eu sou uma pessoa bem
pouco, quase nada visual. Na verdade, se eu encontrar com uma pessoa uma vez só
e ficar conversando com ela, se me perguntarem depois é mais fácil eu descrever
a voz da pessoa que qualquer coisa de aparência. Então essa normalmente é uma
das últimas coisas que penso nos meus personagens. Junta com isso o fato de que
imagino meus personagens reais, então não consigo nem pensar na possibilidade de usar atores e famosos em geral como
referência para eles. Meus personagens não são perfeitos, não são todos
padrãozinho da moda, todos lindos e etc. Se eu fosse usar pessoas de
referência, seriam pessoas do dia-a-dia, que eu vejo andando na rua mesmo. As
características de um personagem acabam “aparecendo” de acordo com o estilo de
vida e o que ele precisa ter ao longo da trama.
Em
termos de planejamento de história, você sabe qual rumo seus livros tomarão
(qual final terão) ou isso é algo que vai fluindo enquanto está escrevendo?
Normalmente
eu sei o final, pelo menos por alto. Sei onde a história vai chegar. O processo
até lá é outra história xD Estou tentando me acostumar a fazer outlines das
histórias ao invés de ir 100% no “seja o que os deuses quiserem que uma hora a
gente chega lá”, porque roteiro mesmo não funciona para mim. Mesmo assim, meus
outlines são vagos o bastante para eu me surpreender com a direção da história
às vezes.
Como
escritora qual a sensação que te fez pensar "nossa, vale a pena insistir
neste mercado"?
Surtos. Com certeza, os
surtos. Não é à toa que tenho minha pastinha do amor cheia dos prints de surtos
aqui. Um dos momentos mais “pqp, eu fiz alguma coisa muito certa” foi o dia que uma amiga comentou comigo que uma amiga
dela estava relendo Nilue pela quarta vez seguida. Eu parei e fiquei encarando
a tela do celular rindo feito uma retardada e sem conseguir fazer nada, porque
essa coisa de ler e sair feito louca relendo sabe-se lá quantas vezes em
seguida é o que eu faço quando piro
demais com algum livro. Saber que consegui fazer alguém reagir a algo meu desse
jeito? Eu ainda fico em choque. Outra vez foi quando uma amiga me fez chorar
com os comentários dela sobre Protetora, falando sobre como a vida dela teria
sido diferente se tivesse tido personagens assim como referência quando era
mais nova. Esse tipo de coisa sempre dá aquele gás, aquela sensação de que não
importa o tanto que vai dar trabalho, a dor de cabeça, a correria, as crises de
ansiedade... Vale a pena.
Você
tem algum sonho que considera ambicioso ou algo do tipo? Se tiver poderia
contar pra gente?
Meu
sonho mais ambicioso, por assim dizer, sempre foi viver de escrita. E levando
em conta que se der uma espremida aqui, está dando para viver de escrita, acho
que é hora de começar a pensar em outro sonho/meta maluco xD
Quais
autores te inspiram e quais você não quer de jeito nenhum buscar referências?
Atualmente,
Ilona Andrews, Meljean Brooks, Kristen Callihan, Grace Draven e Ella Summers, são
minhas referências para estilo de narrativa, construção de mundo, enredo,
personagens e relacionamentos.
E eu
vou ignorar a segunda parte da pergunta para evitar tretas hahaha
Um
universo complexo como os que você cria requer muito trabalho e em geral
pesquisas sobre elementos já existentes em alguns casos em mais de uma cultura
(extintas ou não). Você usou algo assim para trabalhar em alguma de suas obras
ou pretende fazê-lo? Se sim, conte-nos um pouco sobre o seu processo de escolha
de quais elementos usar e quais deixar de lado.
Eu sou
uma pilha de conhecimento inútil não tão inútil assim xD Sempre busco
referências para todos os mundos, e às vezes até para detalhes bem discretos.
Sou a chata da construção, nesse sentido. Gosto de buscar referências variadas,
fora do que a gente está acostumada a ver o tempo todo. Se você só tem as
mesmas referências que todo mundo, seu livro vai ter a mesma cara do livro de
todo mundo, daí essa coisa de ter tanta fantasia se passando na Anglaterra –
aquela versão fantasiosa da Inglaterra que não tem nada de novo ou de
diferente. É a referência mais comum, junto com o medieval europeu genérico. Eu
gosto de tentar puxar referências diferentes, procurar detalhes e esconder
coisinhas no meio da história.
Normalmente,
quando estou trabalhando um mundo já começo a procurar o que consigo encaixar
junto com minha ideia da mitologia e do mundo em si. Estilos de arquitetura
diferentes, tipos de roupas, acessórios, armas, lutas, sempre saio pesquisando
mil coisas, mesmo que acabe não usando ou mencionando quase nada.
Como
leitora o que te atrai numa obra e o que te repele? Você usa isso nos seus
próprios livros?
Eu sou
aquela leitora chata que se o livro não prende nas primeiras páginas, já deixa
de lado. Então gosto de bons começos: dinâmicos, me deixando ter uma noção do
tipo de protagonista que estou lidando e o suficiente sobre o mundo ou o enredo
para me deixar curiosa. Amo da linguagem “gente feito à gente” e personagens
assim também.
No fim
das contas, é mais fácil falar o que me afasta de um livro, porque isso é bem
claro: começo infodump (início com muita informação), linguagem destoando dos protagonistas/gênero (por
exemplo, fantasia urbana com linguagem de alta fantasia, ou o oposto),
personagens perfeitinhos demais, mulheres no melhor estilo donzela indefesa,
relacionamentos abusivos romantizados (que infelizmente são bem comuns),
excesso de descrições... E mais uns tantos detalhezinhos.
Quando eu comecei a
escrever pra valer, era porque queria ler alguma coisa diferente e não achava
nada como o que estava procurando. Então, sentei e fui escrever. Isso nunca
mudou: todos os meus livros são, antes de qualquer coisa, livros que eu gosto de ler. Se não, para quê gastar
meu tempo nisso? Então as coisas que me atraem em uma história são as que
sempre tento usar, obviamente, e o que eu não gosto são coisinhas que nunca vou
colocar em um livro meu.
Queremos agradecer muito a Thais por ter cedido seu tempo e respondido a TODAS essas perguntinhas! Nós amamos e vocês?
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3 Comentários:
Olá!
Thais melhor pessoa!Thais pessoa mais louca que eu conheço no MUNDO!Pessoa também que indica só livros maravilhosos.
Sou apaixonada por Crônicas Táiran,é meu amor eterno.
"Eu sou aquela leitora chata que se o livro não prende nas primeiras páginas, já deixa de lado."Minha referência de chatice veio dela.
Adorei a entrevista,perguntas maravilhosas.
Beijos
Nossa sou fã da Thais como escritora iniciante, vira e mexe eu me pego vendo os comentários dela e seu crescimento e acho ela sensacional. Dá uma esperança ver que quando vc realmente quer algo nada é impossível. Acho as capas dela fodas demais e a escrita nem se fala.
Eu me inspiro nela 😍😍
Thais é maravilhosa MDS! Quero muito ler tudo que essa mulher escrever, simples assim!
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