13 junho 2018

[RESENHA] March #1: A Marcha


Oi gente! Eu gosto muito de graphic novels (inclusive resenhei algumas e você pode clicar aqui para ler), mas sem dúvidas aquelas de que mais gosto são as biográficas, ou memórias gráficas, e foi por isso que quando a Editora Nemo lançou A Marcha eu já fiquei doida querendo.


John Lewis é um nome muito conhecido (e fundamental!) quando o assunto é a luta pelos Direitos Civis e para acabar com a segregação racial que acontecia nos Estados Unidos até o pouco tempo atrás. Junto com outras pessoas ele ajudou a modificar uma realidade perturbadora onde negros e brancos não podiam frequentar os mesmos lugares (nem mesmo as escolas!).

O livro narra através de flashbacks a história de John Lewis desde a infância e vamos vendo através dos seus olhos como era a realidade na qual aquele garoto negro cresceu e como foi descobrindo que aquela separação era injusta, desonesta e discriminatória. Também vemos quando ele decide que quer mudar essa realidade é começa a fazer parte de movimentos para isso.



Tudo isso soa como loucura em qualquer época, mas se você parar e refletir também vai notar que os fatos descritos pela obra aconteciam nos anos de 1960 o que é algo muito próximo em termos de história, praticamente um piscar de olhos. Além disso, se pare e analise que a abolição lá aconteceu em 1863, praticamente um século antes do que John Lewis passou tudo assume um aspecto ainda mais absurdo.

Já estava ciente da filosofia pacifista empregada pelos ativistas da época porque não é de hoje que leio sobre a segregação racial, mas é sempre diferente quando se tem a perspectiva de um ativista e não de um pesquisador. John Lewis realmente traz um ângulo novo ao contar como as coisas eram feitas e planejadas. Qualquer deslize podia colocar por água abaixo todo um movimento.

As ilustrações são bastante impressionantes. Elas realmente trazem mais emoção para a leitura e tenho certeza de que a parceria entre John, Andrew Aydin e Nate Powell realmente foi algo absolutamente marcante, tanto que a obra foi a primeira graphic novel a ganhar o National Book Award. A capa é feita a partir de duas cenas do livro, o que a torna perfeita. A revisão está impecável.



Enquanto lia fiquei pensando o tempo todo como sou privilegiada apenas por ter uma pele branca, como coisas básicas para mim como sentar em um balcão de lanchonete e ser servida só foram conquistada por negros a partir de uma luta incansável e que essas pessoas ainda sofrem coisas inconcebíveis apenas por causa do tom de pele.

Também refleti que não importa o quanto eu leia sobre o assunto, nunca estarei perto de entender como é  ser agredido de tantas formas diferentes, todos os dias. Que essa luta ainda não terminou e que só vai terminar quando as pessoas ao redor do mundo tomarem consciência disso. E quer saber o que é interessante? Este foi apenas o volume um desta graphic novel!







Título: A Marcha Série: March Volume: Páginas: 128
 Autores: John Lewis, Andrew Ayden, Nate Powell Tradutor:  Erico Assis
 Editora: Nemo | Ano: 2018

Marcadores: , , , , , ,

11 Comentários:

Às 13 de junho de 2018 às 11:39 , Blogger Aline M. Oliveira disse...

Oi Jessie! Também gosto muito de graphic novels, e ver que as editoras estão apostando neste tipo de trabalho é muito bacana.
Quanto a obra, é prazeroso encontrar uma narrativa de qualidade e concordância sobre este tema ainda tão necessário de discussão, como a segregação racial. Realmente, se formos parar para analisar o período de abolição e que um século depois, foi preciso um movimento tão grande como esse que houve lá pra acabar com o preconceito ainda praticado de maneira explícita, é absurdo. E como ainda existe racismo? Como alguém pode pensar que a cor da pele te faz superior ou inferior a outra pessoa? Não dá pra conceber. Gostaria muito de ler essa obra, que além de ser linda, deveria ser lida por todos! A visão dele, de dentro da luta, de dentro do caos, deve ser impressionante!
Obrigada pela resenha! ♥


Bjoxx ~ www.stalker-literaria.com

 
Às 14 de junho de 2018 às 14:31 , Blogger Dayhara Martins disse...

Que resenha mais gostosinha de ler! Acho que o primeiro passo é de fato compreender seus privilégios e entender como fazemos parte de uma realidade totalmente dessa utópica que tanto pintam, infelizmente nao somos todos iguais, nós negros, apesar da luta de figuras como essa, ainda sofremos demais. Dica anotada!

 
Às 18 de junho de 2018 às 13:27 , Blogger Cabine de Leitura disse...

Ainda não li nenhuma graphic novel, mas muitas tem me chamado atenção. Em relação a direitos civis eu não conheço quase nada da história dele, então saber que o livro em questão trás a história de alguém tão importante para o fim da segregação racial torna a obra muito atrativa para mim. As reflexões que a leitura te proporcionou são bem pertinentes e me deixaram ainda mais curiosa para fazer tal leitura, então eu anoto essa dica, quero ler

Abraços.
https://cabinedeleitura0.blogspot.com/

 
Às 19 de junho de 2018 às 07:42 , Blogger Ivi Campos disse...

Que livro!!! Como você bem colocou na resenha, a gente nunca saberá como é ser odiado e constrangido todos os dias, mas que isso não nos impeça de lutar contra essa violência. Amei a premissa, o projeto gráfico e já quero ter e ler.
Beijos

 
Às 22 de junho de 2018 às 15:46 , Blogger Lucy disse...

Olá!
Eu me sinto como você: não tem como a gente saber o quanto essas pessoas foram e ainda são odiadas hoje em dia. Porém, como mulher, acho que dá pra sentir um pouco quanto ao constrangimento a que somos submetidas no nosso dia a dia. Adorei a sua resenha, ainda não conhecia a obra, embora tenha estudado o movimento.
bjos
Lucy - Por essas páginas

 
Às 26 de junho de 2018 às 18:27 , Blogger Book Obsession disse...

Olá!
Apesar de não ler Graphic Novels achei essa história incrível. Cheia de reflexões sobre as desigualdades e citações importantes.
Se tivesse que optar por conhecer mais desse gênero certamente seria com essa indicação.
Beijos!

Camila de Moraes

 
Às 26 de junho de 2018 às 20:57 , Blogger Bru Costabeber disse...

Olá Jessie,
Eu não quis ler esse livro por ser uma HQ e me arrependo amargamente. Fiquei muito contente por você ter dito como é privilegiada por ser branca, sabe que também me sinto assim? Eu acho que esse livro nos ensina mais do que estamos esperando e isso me agrada muito.
A reflexão que esse livro trouxe para você, fez meus olhos brilharem.
Vou anotar a dica.
Beijos

 
Às 27 de junho de 2018 às 14:57 , Blogger Rafa Viegas disse...

Oiii tudo bem??

Amos essas graphics novels, e estou maluca pra ter esse na minha estante. Adorei saber um pouco mais da história, e por se tratar de Martin Lutter King me chama muita atenção. Quero ler e prestarei atenção nas coisas que você falou.
Bjus Rafa

 
Às 30 de junho de 2018 às 18:02 , Blogger Marijleite disse...

Ficou maravilhosa a sua resenha. Faz tempo que não leio uma graphic novel, achei muito interessante essa trazer uma história real que nos permite essa reflexão sobre a segregação racial.

 
Às 1 de julho de 2018 às 16:31 , Blogger Salvattore Mairton disse...

Olá,
Nao conhecia a obra, mas pelo visto ele trata de um tema bastante interessante e realista. O preconceito pela raça sempre estará fazendo parte da sociedade, sempre haverá pessoas se achando supremas por terem pela clara. Triste, mas é real

 
Às 2 de julho de 2018 às 20:53 , Blogger Unknown disse...

Oi, tudo bem?
Olha, nem conhecia e agora necessito. Já ouvi falar do John, mas nunca parei para analisar seu trabalho e como pouco acompanho os lançamentos da Nemo, esse graphic novel passou totalmente batido pra mim. Mas tô feliz em conhecer e por ser um tema tão importante, quero ter também. Adorei sua resenha, beijos!

 

Postar um comentário

Assinar Postar comentários [Atom]

<< Página inicial