[AUTOR DO MÊS] Entrevista com Clara de Assis
Oi gente! Continuando com a coluna do Autor do Mês (se você
perdeu os outros posts de autor do mês é só clicar aqui) que esse mês conta com
a participação da Linda da Clara de Assis, nos trouxemos uma entrevista
sensacional para que vocês possam conhece-la melhor!
1- Obrigado por aceitar
ser nossa autora do mês, Clara! Conta pra gente de onde surgiu a inspiração
para escrever a trilogia dos Di Piazzi.
Olá, meninas. Olá, leitor do Paraíso Literário.
Espero que estejam todos bem e antes de começarmos, quero agradecer a
oportunidade de me comunicar com os leitores do blog e poder falar sobre o meu
trabalho.
Respondendo sua pergunta, sempre gostei de
escrever, desde muito nova. Geralmente, romances sobre contos de fadas. Eu era
uma garota de correr com os moleques, mas tinha esse meu lado cor-de-rosa.
Mas a gente cresce e percebe que o mundo dos
adultos não é moleza. O acúmulo de estresse e outros fatores que estavam me
fazendo mal, me levaram a escrever algo que eu pudesse rir e me distrair um
pouco, ao mesmo tempo que pudesse quebrar alguns paradigmas de histórias
lineares – o que vinha encontrando bastante nas minhas leituras. Gosto de
reviravoltas e acho que essa foi a principal ideia para o livro Aluga-se um
Noivo. O intuito, desde o começo era divertir e surpreender com a verdade sobre
a vida do personagem.
Mas se eu disser que já havia, desde o começo,
programado os três livros, seria mentira. Os personagens foram acontecendo,
conforme as cenas avançavam percebi que era possível dar voz a eles e ao Enzo,
direito de resposta, já que ele e seu primo, Théo, vivem se desentendendo. Daí,
em Noivos Para Sempre, o Enzo conta a sua versão da história e o leitor pode
ver o Théo por uma ótica diferente.
O Pietro é um personagem que encantou os leitores,
portanto, nada mais justo do que falar sobre ele também.
2- Os personagens dos Di
Piazzi foram inspirados em pessoas reais ou eles surgiram com suas
personalidades em sua cabeça? Ou foi um pouquinho dos dois?
Um pouquinho dos dois, sem dúvida.
A Carol é 100% real, desde o corte de cabelo até
suas atitudes e o jeito de falar. Já me enfiei em muita furada por causa daquela
doida... e ela também já me salvou de ficar de castigo muitas vezes. Crescemos
juntas e Carol é, sem dúvida, uma das melhores amigas que tenho.
O Théo tem muitas atitudes e frases de um homem
real também. Claro que várias coisas e situações foram adaptadas para a ficção.
Acho que o ambiente que nos cerca é rico demais
para ignorarmos, sempre haverá aquela “tia” chata, a “prima” periguete, o “tio”
legal, o “ex-namorado” embuste que só serve para atrapalhar, a “amiga”
falsiane...
Já os personagens principais de Noivos Para Sempre,
foram estudados ponto a ponto. Eu queria que a personalidade deles fosse
diferente entre si e complementar de alguma forma.
Giovana e Enzo tem atitudes que precisavam de base,
de um motivo para agirem daquela forma. Por isso, todo o cenário do entorno foi
construído para apoiar as características que eu delineei para o casal, mas sem
perder aquele toque de “é real, posso encontrá-los ao dobrar a esquina”.
Também sou leitora e não gosto de personagens fora
da realidade, com atitudes que não condizem com a base e “experiências de vida”
que eles tiveram ou mesmo quando são “perfeitos demais”. Acho que o livro deve
te transportar para dentro dele.
É como tento fazer.
3- Nos livros de Aluga-se
um Noivo e Noivos Para Sempre, temos relacionamentos de amizade e familiares
muito fortes, estes laços surgiram de alguma experiência pessoal ou você
criou?
É totalmente pessoal.
Fui criada com muitas reuniões familiares à mesa
enorme do almoço de domingo, na casa da minha avó. Tenho recordações
maravilhosas dessa época.
Minha família é grande, e tenho amigos que são para
a vida toda.
4- De onde surgiu a
ideia de escrever Faz Amor Comigo?
Esse livro foi muito doido...
Havia acabado de ler a série Fallen e fiquei
pensando: “Tem mais criaturas sobrenaturais em que a história não foi contada e
pode ser explorado...”
Pesquisei sobre alguns personagens míticos e pouco
usuais. Daí a história foi se montando na minha cabeça de trás para a frente,
do final, que eu já sabia como gostaria que fosse, até o início. Quando me
sentei diante do computador, as frases foram surgindo. Não queria nada longo
para não perder o encanto, por isso pensei em manter em formato de noveleta,
com maior quantidade de palavras em capítulos mais curtos.
Sinto que estou desapontando vocês ao contar que
não há nenhuma grande saga mirabolante por trás disso.
5- A mistura de
realidade e fantasia em Faz Amor Comigo? é sensacional. Como foi criar este
mundo maravilhoso?
Queria que Khaim fosse um ser sensual, que ele
errasse a mão de primeira, mas sem parecer abusivo, apenas... desajeitado. E
que ele pudesse ter a chance de recomeçar, coisa que muitos de nós não tem,
aquele “vamos passar uma borracha nisso” é impossível. Aos poucos ele foi
pegando o jeito, foi entendendo como a Helena pensava, como a conquistaria...
Prefiro quando os personagens estão em um mundo
“palpável”, acho que só melhora a experiência da leitura. E a proposta era ser
diferente, mas sem perder a sensualidade, afinal, o mocinho estava procurando
uma namorada.
6- Quais são as
histórias e autores que te inspiram?
Essa pergunta é daquelas em que alguém sai magoado
por não ter o nome citado...
No entanto, vale deixar claro que tem uma diferença
enorme entre gostar de ler seus trabalhos e ler para estudar.
Deixa pensar em como sair dessa sinuca de bico sem
romper laços de amizade...
Ok, acho que o mais justo seria falar dos autores
que estão fazendo parte deste meu momento profissional.
Bem, eu amo demais o humor desastrado dos
personagens da Sophie Kinsella.
Admiro a forma descomplicada e poética em que
Ariano Suassuna traz dos momentos cotidianos e simplórios, que são tão ricos. Acho que podemos aprender muito com
suas obras.
Adoro a interação sensual dos personagens da Vi
Keeland.
Sou completamente apaixonada por mocinhas Girl Power, como em Senhora, de José de
Alencar. Quem me acompanha sabe que é meu livro pra vida. Amo demais.
Eu também me inspiro na forma positiva de como alguns
autores nacionais se destacam, pela postura impecável, profissionalismo,
comprometimento, o carinho e respeito com seus leitores... Que é o caso da Sue
Hecker, e da Aline Sant’Anna, minha parceira na Editora Charme. É realmente
inspirador e se torna meta de vida a seriedade, carinho e maturidade que elas
demonstram. Além da segurança, eu as vejo muito seguras de si (pode não, ser?
Pode, oras... mas elas me passam isso), sempre as vejo comentando,
parabenizando e incentivando outros autores, elas respondem ao leitor e eu,
sendo também leitora dessas meninas, fico encantada com essa maneira neutra e
focada que elas têm.
7- Tal mãe. Tal filha. é
uma história muito amorzinho e que trata de temas muito atuais – como a falta de
atenção dos pais –, de onde surgiu a ideia de escrever esta história?
Foi um especial para o Dia das Mães.
Mesmo sendo amorzinho, como você pontuou, há
questões que precisamos pôr em pauta, como por exemplo: o assédio sexual no
ambiente de trabalho; assédio moral; as escolhas em nome da aparência;
relacionamentos familiares, nem sempre perfeitos, como é o caso da Amy com o
pai e a Allison com sua mãe.
Se repararmos bem, há tantas coisas que não estão
certas, mas que nem todos conseguem enxergar como erradas, acontecendo
diariamente ao nosso redor... Allison teve que aprender com a Amy para
conseguir entender e lidar com suas próprias questões.
E, sem dúvida, para mim, o ponto mais importante
foi, além dos problemas familiares, os problemas no trabalho. Queria abordar
sobre essas questões, queria poder falar sobre isso, mas sem pesar a mão no
drama, de forma leve e descomplicada, por isso a trama de Tal Mãe. Tal Filha. foi ideal.
8- As personalidades da
Allison e da Amy foram inspiradas em alguém ou foi uma criação sua?
Elas foram pensadas. Estudei bastante para criar
essas meninas, e aproveitei para homenagear um dos meus filhos, que trocava as
palavras quando era pequeno e eu sempre achei isso muito engraçado.
9- Você teve uma base de
inspiração para poder criar o relacionamento e, consequentemente, o laço
firmado entre Amy e Allison?
Hmm... não... No caso delas foi bem natural, apenas
segui o fluxo para encaixar as atitudes com a personalidade das personagens e a
situação em que elas se encontravam para não fugir do planejado no roteiro.
Minha mãe sempre foi uma mulher austera e de pouca
interação, ela passa longe de ser como a Allison, mas beeeeem longe mesmo.
10- Existe algum gênero
que você goste, mas que não se arriscaria a escrever nele? E existe algum
gênero que em nenhuma hipótese você escreveria?
Não vou falar gênero
para me arriscar, porque eu escrevo tudo o que me der vontade, não me sinto
presa com isso. Ninguém nasce sabendo, a gente passa a vida toda aprendendo o
tempo todo, se eu estiver interessada em fazer algo diferente, eu vou estudar e
vou tentar. Possivelmente, falharei algumas vezes, mas tudo é aprendizado.
No entanto, há gêneros que não funcionam para mim.
Não gosto de ler terror/horror (não estou falando de Stephen King ou Poe), o
problema é ler sobre desesperança. Fico danada da vida quando um livro me
engana, quando chego no final e descubro que aquele é mesmo o fim da história,
que a vida é uma porcaria e que o mau venceu. Nossa... isso me faz pôr alguns
autores num caderninho só deles onde a classificação é: nunca mais leio nada
dessa criatura.
11- Como
você compõe seus universos incríveis?
A composição vai depender do que quero transmitir
na outra ponta da linha. Se estou querendo criar tensão, diversão, lágrimas...
Cada história merece sua própria linha do tempo, seu roteiro, tudo arrumadinho.
Gosto de pensar nos detalhes antes e sempre vou para a frente do computador com
um final na cabeça.
Mas, principalmente, o que mais me faz pensar nos
cuidados com a criação é, sem dúvida, apresentar algo que os leitores tenham
prazer de ler, que eles nunca terminem um livro meu com a sensação de que “perdeu
seu tempo”. Claro que é impossível agradar a todos, mas tento pelo menos não
magoar a maioria.
É muito importante para mim pesquisar bastante para
entregar o meu melhor ao leitor, acredite, se eu não escrevo um livro por mês é
porque a pesquisa, para mim, é fundamental.
Coloco-me sempre no lugar do leitor, fico chateada
quando me deparo com um trabalho que claramente não tem razão de existir,
quando o autor pegou a mesma formatação de personalidade de um outro trabalho e
só trocou o nome e a profissão dos personagens. Às vezes, nem sobre a profissão
pesquisam. A gente que estudou administração ou matérias de administração, que
foi o meu caso quando me formei em Comércio Exterior, fico pra morrer quando
vejo umas “planilhas” jogadas ao vento, reuniões que não tem sentido... Ou
quando alguns autores nem se preocupam em descrever corretamente o nome de uma
simples porta. Parece besteira para alguns, mas me incomoda.
E... sei lá, trazendo para o que escrevo, acho que
se não está bom para mim, não está para o leitor. Se você convida alguém para
jantar, você vai servir arroz queimado? Acho que não. Vai servir uma nova
versão daquele arroz cansado, esquecido no fundão da geladeira? Socorro, né...
Trato meus leitores com o maior carinho e respeito,
procuro fazer o meu melhor, não existe fórmula mágica, isso demanda pesquisa,
tempo, calma... É assim que eu componho as histórias.
12- Seus personagens são
todos incríveis em algum nível, sempre apaixonantes! Queremos saber se você tem
algum preferido e, se tiver, qual ou quais?
Hmm... eu gosto de todos eles. Cada um surgiu em um
momento especial e específico da minha vida. Lembro da composição deles e o
porquê de ter feito daquela maneira... São todos importantes na minha carreira,
eu aprendi muito com cada um.
13- Você poderia nos
contar se tem um ritual para escrever (tipo: precisa de silêncio total ou de
escutar algum tipo de música para conseguir se conectar ao universo que
está criando)?
Eu não preciso de silêncio absoluto, e isso seria
uma utopia para mim. Gosto de ouvir música enquanto escrevo, mas isso não faz
parte de nenhum ritual. Eu paro para pegar café, para atender ao telefone mais
de mil vezes por dia...
Não preciso estar diante do computador para começar
um trabalho, se estiver na rua e tiver um clic,
a coisa vai acontecer, por exemplo, em Tal
Mãe. Tal Filha, o roteiro foi feito durante uma viagem, no avião. Ainda
tenho o rascunho no bloco de notas.
Já escrevi tudo borrado em um caderninho,
sacolejando dentro do carro... Isso de ritual... eu não posso me dar a esses
luxos, tenho dois filhos pequenos, ainda trabalho na área de engenharia, tenho
pais que necessitam muito de um mediador, porque eles são piores que as
crianças; passa por aqui o carro do ovo, do pão, das delícias, carro do “panela
velha, máquina de lavar velha”...
Silêncio absoluto, água, luz apropriada e café
fresquinho? Isso seria um sonho, amor.
14- Muito obrigado por
esta entrevista. Que tal falar um pouquinho sobre seus projetos que estão em andamento e os
futuros?
Projetos
em andamento - independente:
Censura Zero, que tem
uma pegada mais adulta para explorarmos o relacionamento entre John e Allison,
de Tal Mãe. Tal Filha.
Quimera, o último livro da
trilogia Dragão de Jade.
Algumas
noveletas com o foco mais voltado para o drama.
~~~
Projetos
em andamento pela Editora Charme (que podem ser comentados):
Primeiro Herói de Toda Garota,
continuação da noveleta do Dia dos Pais.
“Livro
do Pietro Di Piazzi”, o título ainda não está definido para o fechamento da
trilogia.
Tem
mais novidades chegando por aí, mas vocês sabem que a Charme adora fazer
surpresa aos leitores, portanto, convido a todos a me seguirem nas redes
sociais para não perderem nenhum lançamento.
Paraíso
Literário, agradeço pelo carinho e a oportunidade de divulgar um pouco do meu
trabalho no blog como a autora de Novembro, sobretudo sendo o mês do meu
aniversário, achei de uma delicadeza ímpar!
Obrigada
de coração a você, seguidor do blog e visitante, que tirou um tempinho para ler
a entrevista. Espero sempre poder levar momentos felizes através da leitura.
Que tenham um final de ano abençoado e um 2019 cheio de prosperidade e
realizações. Sucesso para nós.
Um
beijo a todos.
Esperamos
que tenham gostado da entrevista pessoal! Para saber mais sobre a autora basta
clicar aqui para ver o post anterior! E esperamos vocês na semana que vem para
conferir o conteúdo exclusivo que Clara preparou pra gente!
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